O QUE ACONTECE COM O CORAÇÃO DO TABAGISTA?

As alterações podem ser divididas em duas categorias.

Crônicas: evolução da aterosclerose.

Agudas: decorrente de processos tromboembólicos, espasmos vasculares e da alteração da frequência cardíaca, infarto, arritmia e morte súbita. A iniciação e a progressão da aterosclerose envolvem:

1- Disfunção vasomotora, que ocorre precocemente. Fumantes apresentam redução da vasodilatação endotélio-dependente por causa da redução da produção de óxido nítrico endógeno.

2- Processo inflamatório iniciado a partir das inflamações pulmonares e que se estende para o resto do corpo e também pela ação direta dos produtos do cigarro, que estimulam o recrutamento de leucócitos para a superfície das células endoteliais. A produção de citocinas pelos leucócitos facilita sua interação com o endotélio vascular e o subsequente recrutamento de leucócitos para a parede vascular, dando origem às placas de ateroma.

3- Alteração do perfil lipídico. Fumar aumenta o colesterol total, os triglicérides e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), reduz a produção de lipoproteínas de alta densidade (HDL) e aumenta a oxidação de LDL, as quais, fagocitadas pelos macrófagos, resultam na liberação de citocinas, atraindo mais monócitos. Estas células penetram no endotélio vascular corroborando para o aumento da placa aterosclerótica, que tende a ser mais instável e a apresentar maior risco de ruptura. As alterações tromboembólicas são responsáveis pela elevada incidência de infarto agudo do miocárdio observada em fumantes. Estas alterações parecem decorrer do aumento da agregação e da adesão das plaquetas; da alteração de fatores trombóticos e antitrombóticos (fumantes apresentam elevação dos níveis de fibrinogênio); da elevação do número de hemácias, do hematócrito, da viscosidade do sangue e de alterações na fibrinólise. Fumar está associado à indução de desequilíbrio do sistema nervoso autônomo cardíaco O fumante crônico aumenta a atividade simpática e reduz a ação parassimpática, corroborando para o infarto, uma vez que o simpático estimula a vasoconstrição.

Fumante passivo não está isento dos malefícios do cigarro Após 20 minutos de exposição passiva à fumaça do tabaco, as alterações plaquetárias e a liberação de tromboxano são semelhantes às encontradas em um fumante ativo crônico.